Deslocados Internos em Moçambique: Atualização do plano de Intervenção da Helpo
Após 12 anos de trabalho na província de Cabo Delgado, em Moçambique, vemo-nos a braços com uma crise humanitária que tem vindo a espraiar-se pelos distritos desta província e, mais recentemente, de Nampula, atingindo mais de 700.000 pessoas. Destas, mais de 40.000 deslocaram-se para as comunidades de Silva Macua, Mahera, Impire, Ngoma, Mièze, Mahate (Cabo Delgado) e Namialo (Nampula), onde começámos a intervir em 2009.
Vale a pena referir que este é um contexto já de si emergencial, não apenas devido a problemas enraizados intimamente relacionados com a pobreza multidimensional (elevados níveis de desnutrição crónica, fome, absentismo escolar, casamento prematuro e maternidade precoce, analfabetismo...), mas agravado pelo ciclone Kenneth, que devastou o norte da província, em Abril de 2019, e cuja recuperação total ainda não havia sido conseguida, com a consequente destruição de estruturas escolares, habitações e campos de cultivo utilizados na agricultura de subsistência.
A este enquadramento sombrio vieram somar-se a crise sanitária da Covid19, e a crise dos deslocados internos, resultado do conflito armado que tem vindo a ferir irremediavelmente o norte do país, com consequências trágicas para já mais de centenas de milhar de pessoas.
A realidade de quem deixa as suas aldeias, na iminência ou durante um ataque armado, deixando para trás todos os bens materiais que acumulou e muitos entes queridos, é a de chegar a novas geografias com carências extremas de todo o tipo. As histórias dos deslocados de guerra que chegam às comunidades que tão bem conhecemos são histórias de dor, perda, desamparo e falta de tudo. Procuramos atuar no imediato, aliviando o sofrimento causado por esta falta e, no médio e longo prazo, causando um impacto concreto na vida das pessoas, com enfoque na proteção das crianças, sua dignidade e direitos.
Assim, o planeamento da intervenção nestas comunidades, até dezembro de 2021, assenta nas seguintes atividades:
1 - Caracterização das famílias que chegam às comunidades através de cadastro interno com vista à proteção das pessoas e defesa dos direitos das crianças.
2 – Realização de rastreios nutricionais regulares a toda a população de grávidas e crianças até aos 2 anos de idade; encaminhamento médico da população em risco para a reabilitação nutricional nos postos de saúde e de acordo com o protocolo vigente no país, e devido acompanhamento.
3 - Entrega de kit alimentar de sobrevivência para agregado familiar de 5 pessoas para um mês (50 kg de cereal, 5 kg de feijão, 5l de óleo, 2 kg de açúcar, 1 kg de sal, 2 barras de sabão, 2 máscaras comunitárias); entrega de bens essenciais por agregado familiar (roupa, mantas e loiças).
4 - Apoio à integração escolar de todas as crianças e jovens em idade escolar, através de identificação de obstáculos à integração e progressão escolar; apoio personalizado à emissão de documentos; articulação com as entidades competentes para a inscrição das crianças em idade escolar; sensibilização das famílias para a importância da escolarização das crianças e jovens; entrega de material básico para a inscrição e aprendizagem ao longo do ano; disponibilização de bolsas de estudo a todos os estudantes do ensino secundário que não disponham de condições para prosseguir os estudos com recursos próprios.
5 - Criação e implementação de uma ferramenta de prestação de primeiros socorros psicológicos, apoiada em elementos-chave das comunidades e entidades/atividades pré-existentes, identificação e encaminhamento de casos graves e integração plena através do acolhimento escolar e pelos pares.
Custo da ação 203.830€
Valor angariado até ao momento 181.950,73€
Como ajudar?
IBAN: PT50 0010 0000 3483 3480 00619
Ser Solidário (Multibanco ou MB Way)